A maioria
dos professores do ensino médio no Brasil (51,7%) não tem licenciatura na
disciplina em que dá aulas. Outros 22,1% dos docentes que estão nas
salas do ensino médio não têm qualquer licenciatura. Os dados do Censo Escolar
2013 foram compilados pela ONG Todos Pela Educação.
O Nordeste é
a região em que faltam mais professores licenciados nas áreas específicas das
disciplinas - 66% não são formados
na área em que atuam. No Centro-Oeste, o índice é de 60,5%. Na
região Norte, o percentual é de 55%. As regiões Sul (41,9%) e Sudeste (42%) são
as com as menores carências de professor.
A disciplina com maior deficiência é artes em que apenas 14,9% dos
professores são licenciados. Língua portuguesa é a disciplina com
mais professores dentro da sala de aula que se formaram na área
(73,2%). Em física, 80,8% dos docentes não são formados na área; na
disciplina de química, o índice é de 66,3%.
Entre os que não têm licenciatura na disciplina em que dá aulas entram
professores que não são especialistas na área --como o professor de física que
dá aulas de química ou o formado em ciências sociais que dá aulas de geografia.
Esses casos são permitidos pelo MEC (Ministério da Educação).
Há ainda o problema dos profissionais formados em outras áreas que estão
nas salas de aula, como o administrador que dá aulas de língua portuguesa no
ensino médio. Isso é comum entre professores temporários.
Ensino fundamental
Nos anos finais do ensino fundamental, 21,5% não tem
qualquer formação no ensino superior e 35,4% dos professores não cursaram
licenciatura.
Há também 67,2% dos docentes não são
habilitados nas disciplinas que lecionam. Mais uma vez é o Nordeste a região com maior deficiência
(82,4%). No Norte, 81,9% dos professores dos anos finais do ensino
fundamental não são formados nas áreas que atuam. No Centro-Oeste, o índice é
de 64,3%.
Nessa etapa de ensino, apenas 28,1% dos professores de
geografia são formados na área. Em história, o índice é de 31,6%, e em
ciências, o percentual é de apenas 34,2%.
Deficiência na formação
Em março, uma auditoria do Tribunal de Contas da União, feita em
parceria com tribunais de Contas dos Estados, já tinha indicado a carência de 32 mil professores com formação
específica nas 12 disciplinas obrigatórias do nível médio.
Com salários baixos, um dos problemas é que a docência não atrai os
jovens no ensino superior. Neste ano, o piso nacional do professor foi fixado
em R$ 1.697,39, para uma jornada
de 40 horas.
Mesmo entre os que decidiram seguir carreira na sala de aula, a evasão
da educação básica é cada vez maior. Insatisfação no trabalho e
desprestígio profissional são alguns dos motivos
apontados por quem prefere abandonar a sala de aula.
Em outubro do ano passado, uma pesquisa internacional mostrou que, entre
21 países, o Brasil fica em penúltimo lugar
em relação ao respeito e à valorização dos seus professores.
A formação e a valorização do professor é uma das metas do PNE (Plano Nacional de
Educação), que está em discussão na Câmara dos Deputados e deve ser votado no
dia 22 de abril.
Nenhum comentário:
Postar um comentário